sábado, 25 de julho de 2009

Cinefilô - Cinema e Filosofia


Bruno Scuissiatto



Foi lançado no Brasil com tradução de André Telles pela editora Jorge Zahar o livro - Cinefilô, do escritor francês Ollivier Pourriol. O autor foi um dos convidados da última edição da Flip (Festa Literária Internacional de Parati) na mesa intitulada: Cinema e Filosofia.

Pourriol trata na obra das fusões entre imaginação e racionalidade, usando como exemplos alguns enredos fílmicos muito cultuados no mundo, como: Clube da Luta, Colateral e o Sexto Sentido. A sua análise é feita com auxilio das teorias de Descartes (inaugurou o racionalismo na Idade Moderna , com o seu: Penso, logo existo) e Spinoza (contrário de Descartes, Spinoza achava que a
emoção só pode ser suplantada por outra emoção – jamais
pela razão
).

Abaixo uma pequena entrevista do autor durante a sua participação na Flip.



Como surgiu a idéia de ensinar filosofia com a ajuda do cinema?


Comecei a utilizar o cinema em sala de aula no último ano do colegial, depois continuei numa sala de cinema. Foi uma experiência, iniciada em 2006, no cineclube MK2 da Biblioteca de Paris. O sucesso foi imediato e me permitiu realizar quatro séries de conferências. Não se trata simplesmente de ensinar filosofia por meio do cinema, mas de confrontar cinema e filosofia. Muitas vezes, é o cinema que nos esclarece sobre a filosofia, graças ao seu poder de identificação.


Por que escolheu trabalhar com a filosofia de Descartes e Spinoza?


Comecei por Descartes e Spinoza, pois ambos buscaram um meio de universalizar seu pensamento ao lhe conferir uma forma democrática. Democrática não quer dizer fácil, mas acessível. Descartes escreveu em francês em vez de usar o latim. E Spinoza escreveu à maneira dos geômetras, more geometrico. Escolhi-os também porque Descartes e Spinoza utilizam a metáfora do olho e da visão para falar da atividade do espírito. Descartes fala de intuição, de ideia clara e distinta, da luz da razão... Spinoza diz, acerca das demonstrações, que elas são “os olhos da alma”. Eu quis “ver” se essa metáfora devia ser levada a sério e se podia ser fecunda, por exemplo, para compreender os movimentos de câmera no cinema. Não se pode dizer que Descartes privilegie a razão e Spinoza, a emoção. Spinoza é tão racionalista quanto Descartes. O que é interessante é que Descartes é um filósofo da liberdade, ao passo que Spinoza é um filósofo da necessidade. Quis explorar essa dissonância e dar-lhe vida através do cinema.Por outro lado, esse livro é a primeira etapa de um projeto mais amplo, uma vez que há quatro anos venho trabalhando igualmente com Hegel, Kant, Rousseau, Alain, Michel Foucault, René Girard, Michel Serres... e sobre temas como a representação das catástrofes, a manipulação na democracia, a saúde, a criação nas ciências e na arte.


Como os filmes são usados no ensino de filosofia? Cada um é associado a um conceito distinto? O senhor poderia dar um exemplo?


Em Colateral, de Michael Mann, Tom Cruise personifica um matador profissional. Há uma cena numa boate em que cada movimento de câmera corresponde a um preceito do método cartesiano: ideia clara e distinta (do desfocado à definição), divisão da dificuldade (zoom), invenção de uma ordem não natural (montagem), enumeração (panorâmica). É delicado resumir, ainda mais sem estar assistindo ao filme, e eis por que no livro proponho uma montagem de trechos de filmes com descrições e diálogos, numa ordem que permite construir a ideia.



O livro pode ser encontrado nas livrarias do país todo, como também direto no site da própria editora: http://www.zahar.com.br/




sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ciclo sobre a Morte no CINEMAS E TEMAS



Foi exibido nos dias 29 e 30 de maio último, o Ciclo de Filmes Sobre a Morte, no auditório central da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Nele tivemos a presença de aproximadamente 150 participantes participando sempre de um debate no final conduzido pelo professor Fábio. O primeiro longa a ser exibido foi Ponette - À ESPERA DE UM ANJO (França/1996), do diretor Jacques Doillon. O filme foi aclamado no Festival de Veneza de 1996, quando a atriz Victoire Thivisol de quatro anos foi premiada com o prêmio de melhor atriz no Festival. Na tarde do dia 29, tivemos a exibição de um filme marco do expressionismo alemão - A Morte Cansada (Alemanha/1921). Fechamos a mostra à noite com a exibição do aclamadissimo Gritos e Sussuros (Suécia, 1972) do diretor Ingmar Bergman. O filme venceu o Oscar de Melhor Fotografia, além de ter sido indicado em outras 4 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Figurino. Além dos filmes de sexta, o ciclo durante a manhã de sábado a película do diretor Hirozaku Kore-Eda - Depois da Vida (Japão, 1998). O fechamento foi realizado no Cemitério São José em Ponta Grossa com a palestra “O cemitério como fonte para estudos sobre a morte nas artes e nas ciências humanas e sociais”, conduzida pelo estudiosos cemiteriais [1] Maristela Carneiro e [2] Fábio Augusto Steyer.





[1]Professora Maristela Carneiro – UNICENTRO. Autora de obra sobre o Cemitério São José.
[2]Professor Fábio Augusto Steyer - UEPG. Professor do Departamento de Letras e pesquisador de cemitérios há mais de 15 anos. Co-autor do livro: “Cemitérios do Rio Grande do Sul – Arte, Sociedade, Ideologia”.

Neste link você encontra um trecho do filme Ponette - À espera de um anjo.


Comunicações no CIEL

Algumas pesquisas feitas sobre o produto cinemetográfico pelos participantes foram apresentados em comunicações durante o V CIEL.

A MORTE COMO TEMÁTICA DA OBRA DE EMÍLIO DE MENESES - Franciele Schmeider

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURANTES DA OBRA LITERÁRIA DE TELMO VERGARA -Fábio Augusto Steyer

COMO TRABALHAR A ORALIDADE NAS AULAS DE LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL PARTINDO DO LIVRO DIDÁTICO - Ediclelaine Aparecida Melo

O FLUXO DE CONSCIÊNCIA EM "UM CORPO QUE CAI", DE ALFRED HITCHCOCK - Bruno Scuisiatto

TELMO VERGARA E CLARICE LISPECTOR – "ESTRADAS PERDIDAS" E VOZES DO INEFÁVEL - Flavia Almeida Silva

LITERATURA E CINEMA: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE PARA ‘BENJAMIN’, DE CHICO BUARQUE, E SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA" - Thais Woiciechowski


Mostra de filmes do V CIEL



Durante o V CIEL entre nos dias 29 e 30 de abril de 2009, no Campus Central da UEPG, ocorreu uma mostra de filmes, organizada pela equipe do CINEMAS E TEMAS DA UEPG. A programação foi:

29/04

OSCAR NIEMEYER – A VIDA É UM SOPRO(Brasil, 2007, 90 min.)Direção: Fabiano Maciel.

MENSAGEIRO DE HOTEL(EUA, 1925, 20 min.)Direção: Ted Burnsted.

ILHAS URBANAS (Brasil, 2005, 41 min.) Direção: Flávia Seligman.

30/04

DEUS EX-MACHINA(Brasil, 1995, 25 min.)Direção: Carlos Gerbase.

SOU EU MESMO(Brasil, 2006, 33 min.)Direção: João Guilherme Barone.

UM CÃO ANDALUZ(Espanha, 1928, 17 min.)Direção: Luis Buñuel e Salvador Dali.

UM HOMEM SÉRIO(Brasil, 1996, 20 min.)Direção: Dainara Toffoli e Diego Godoy.

CERTOS OLHARES(Brasil, 2008, 34 min.) Direção: Flávia Seligman.

A Mostra de Filmes do CIEL 2009 teve como objetivo principal apresentar aos participantes do evento uma diversidade de filmes que, de uma ou outra forma, estimulam a reflexão sobre a linguagem. Afinal, este é o tema do evento, representado aqui através de uma pluralidade de manifestações estéticas realizadas no plano da imagem.Assim, iniciamos a mostra com um raro filme de Oliver Hardy, da dupla “O Gordo e o Magro”, ainda do período mudo, quando a linguagem cinematográfica propriamente dita recém estava nascendo. A radicalização dessa linguagem aparece na primeira experiência surrealista da história da Sétima Arte, realizada por Luis Buñuel e Salvador Dalí – “Um Cão Andaluz”.Dois premiadíssimos curtas brasileiros, dirigidos por Carlos Gerbase, Dainara Toffoli e Diego Godoy, também estão presentes na mostra: obras cuja marca foi justamente a inovação estética, além da ampla repercussão nacional e internacional. A literatura não poderia ficar de fora, e homenageamos o poeta Mário Quintana através de um carinhoso documentário, que é pura poesia feita através de imagem.A linguagem da arquitetura é explicada nos seus mínimos detalhes pelo nosso maior mestre no assunto: trata-se de Oscar Niemeyer, para quem “A Vida é um Sopro”. E nossa conferencista de abertura, uma cineasta, obviamente não poderia faltar. Completam a mostra dois documentários de Flávia Seligman, uma das mais destacadas diretoras e pesquisadoras de cinema do Brasil atual.

Proposta do Cinemas e Temas

Após uma médiametragem, o Blog do CINEMAS E TEMAS UEPG está disponibilizado na grande rede. Aqui você encontrará, além dos assuntos relacionados ao projeto, também, dicas de cinema em geral.


Seja bem vindo ao blog.
Equipe CINEMAS E TEMAS UEPG.





Desde sua invenção e consolidação como produto artístico, com linguagem e características próprias, e também midiático, o cinema vem adquirindo uma importância sociocultural cada vez maior em todo o mundo. As múltiplas possibilidades de relações entre o cinema e outras áreas de conhecimento têm se mostrado como oportunidades relevantes para estimular a reflexão e o pensamento crítico sobre os mais variados temas de nossa realidade, nos seus mais diversos aspectos. No entanto, pelas próprias características do mercado cinematográfico mundial, envolvidos aí os processos de produção, distribuição, exibição e recepção dos filmes, a Sétima Arte carece de reflexões mais aprofundadas e menos fragmentadas. Isso pode ser feito, por exemplo, através da análise em conjunto de obras que tratam dos mesmos temas ou de vários filmes do mesmo diretor ou ator, etc. A idéia deste projeto é justamente esta: reunir pessoas interessadas em discutir e analisar de forma mais aprofundada alguns temas e suas relações com o cinema. Isso será feito a partir da reflexão sobre alguns importantes filmes da história do cinema, exibidos em blocos temáticos, e de suas relações entre si e com outras obras, numa proposta interdisciplinar que contemple áreas próximas ao cinema, como Letras, Comunicação, História, Psicologia, etc. Desta forma, espera-se estimular a pesquisa e a reflexão sobre as relações entre o cinema e outras áreas de conhecimento, tanto em termos de temáticas quanto com relação às diferentes linguagens envolvidas.
Em princípio, cada ciclo temático será realizado no decorrer de um semestre, contemplando quatro sessões, sendo exibidos quatro filmes (um por mês). Em cada sessão, haverá uma apresentação do filme, feita pelo professor coordenador e pelos membros da equipe, e um debate entre os participantes, realizado após a exibição. Será fornecido certificado de 16 horas para os participantes de cada ciclo temático. Os blocos temáticos escolhidos foram os seguintes:
CINEMAS E TEMAS – MORTE (1º semestre de 2009) CINEMAS E TEMAS – MITOLOGIA GREGA (2º semestre de 2009) CINEMAS E TEMAS – LITERATURA POLICIAL – AGATHA CHRISTIE (1º semestre de 2010) CINEMAS E TEMAS - ALFRED HITCHCOCK (2º semestre de 2010).
O Projeto Cinemas e Temas é destinado aos alunos de graduação e pós-graduação em Letras, Jornalismo, História e áreas afins, além de interessados em geral. Serão quatro blocos temáticos (um por semestre), sendo oferecidas 35 vagas para cada ciclo de cinema, totalizando cerca de 140 pessoas atendidas.




Coordenador: Prof. Dr. Fábio Augusto Steyer.
fsteyer@uol.com.br