sexta-feira, 27 de maio de 2011

A LITERATURA E O CINEMA DE ALFRED HITCHCOCK


 



PAULA STARKE

Não há como acreditar que, um dia, Literatura e Cinema se desvincularão. Desde suas origens, o Cinema busca fundamento em produções literárias diversas. Do mesmo modo, a Literatura passou a sofrer influência da construção cinematográfica, mais recentemente.
Em meio a esse constante diálogo, notam-se adaptações fílmicas consideradas medíocres que foram construídas a partir de obras-primas da Literatura universal, tal qual livros ditos “populares” acabaram se tornando longas-metragens clássicos, eternizados na memória do espectador.
Dentro deste último modelo, enquadra-se, perfeitamente, a obra do aclamado diretor Alfred Hitchcock. François Truffaut, ao entrevistar o cineasta, sugere que Hitchcock “remanejava” romances populares até que estes se tornassem verdadeiras obras hitchcockianas, o que de fato ocorria. Por acreditar que obras-primas da Literatura eram obras completas, imutáveis, Hitchcock trabalhava a partir de uma Literatura destinada à recreação, trivial.
O trabalho apresentado na Semana de Letras da Universidade Federal do Paraná pretendeu, através desta afirmação, descrever a relação do diretor com a Literatura, como Hitchcock não se atrevia a adaptar obras literárias importantes para construir cinema através de romances mais simples. E, ainda, como o diretor transformava estas modestas obras em longas-metragens enriquecedores, surpreendentes e, não raro, considerados obras de arte.
Afinal, em todas as suas produções, Hitchcock mantinha um modo próprio e independente de trabalhar. Explorava os recursos técnicos e fazia as modificações que julgava necessárias, em cada aspecto da produção. A seleção de elenco e de figurinos, os efeitos sonoros, a arte, a montagem, o roteiro e, evidentemente, a ideia condutora do longa, tudo era planejado previamente pelo cineasta.
O diretor adaptou muitas obras literárias, porém nunca pretendeu ser completamente fiel aos escritos. A ideia da obra era, portanto, um ponto de partida, um fio condutor para a versão cinematográfica. O resultado final era completamente distinto do original, uma obra prioritariamente visual. A reformulação de Hitchcock, extremamente bem planejada e realizada, usava o que o diretor chamava de “arte cinematográfica” e priorizava, evidentemente, a expressão através das imagens, o visual.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"VIOLÊNCIA NO CINEMA" TEVE EXCELENTES DEBATES

POR FÁBIO AUGUSTO STEYER

O ciclo de filmes "Violência no Cinema", realizado nos dias 20 e 21 de maio, teve como grande destaque os debates em torno das obras exibidas.
Com um público participante de aproximadamente 50 pessoas, oriundas das mais diversas áreas de conhecimento, como Letras, História, Jornalismo, Direito, Artes Visuais e Pedagogia, a interdisciplinariedade foi a tônica do evento. 
Essa diversidade possibilitou debates extremamente produtivos, com os participantes relacionando os filmes entre si, com várias áreas de conhecimentos e temas bastante atuais, como o bullying.
Abaixo, fotos do debate realizado na sessão de "Funny Games", conduzido por Caroline Wilt Araujo, em que ficaram evidentes as aproximações com "Laranja Mecânica", primeiro filme exibido na mostra.




FOTOS DA PARTICIPAÇÃO DO CINEMAS E TEMAS NA SEMANA DE LETRAS 2011 DA UFPR - 25/05/2011
























domingo, 22 de maio de 2011

CINEMAS E TEMAS PARTICIPA DA SEMANA DE LETRAS 2011 DA UFPR

Na próxima semana, o Cinemas e Temas estará representado na Semana de Letras da UFPR: 
 
SESSÃO 16
COMUNICAÇÃO COORDENADA – ESTUDOS LITERÁRIOS
QUARTA-FEIRA, 25/05/2011
SALA 1009
10:20-12:25

STEYER, Fábio Augusto
CINEMAS E TEMAS
O objetivo desta sessão coordenada é apresentar as diretrizes e ações concretas do projeto de
extensão e pesquisa "Cinemas e Temas", vinculado à PROEX e ao Departamento de Letras
Vernáculas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, coordenado pelo Prof. Fábio Augusto
Steyer. Além das atividades de extensão realizadas pelo projeto em 2010 e 2011, nesta
sessão serão apresentadas algumas das pesquisas individuais realizadas pelos membros do
projeto (alunos do curso de graduação em Letras), especialmente sobre as relações entre
Literatura e Cinema.
 
CARZINO, Maíra
XEQUE-MATE: VIDA, MORTE E NARRATIVA
SOB A PERSPECTIVA DO JOGO DE XADREZ
O objetivo deste trabalho é analisar os filmes "A Morte Cansada" (Alemanha/1921), de Fritz
Lang, e "O Sétimo Selo" (Suécia/1956), de Ingmar Bergman, a partir da linguagem e das
características específicas do jogo de xadrez, tendo como enfoque principal as relações entre
as temáticas da vida e da morte e as narrativas das obras em questão.
O estudo das personagens e suas ações no enredo dos filmes, tendo como fio condutor o
enxadrismo, proporciona um interessante debate sobre questões ontológicas e axiológicas
essenciais ao ser humano, como, por exemplo, as estratégias usadas para a manutenção da
vida e para a luta contra a morte, "xeque-mate" definitivo do qual nenhum ser humano pode
escapar.

MACHADO, Amanda Antunes
CRIMES E PECADOS SEM CASTIGOS:
WOODY ALLEN E DOSTOIÉVSKI EM DIÁLOGO
O romance Crime e Castigo, de Fiódor Dostoievski, possui uma riqueza infindável, não
somente para a literatura russa e universal, mas também para qualquer área que busque
retratar questões humanas. A atualidade e a relevância das obras de Dostoiévski fazem com
que ainda hoje escritores e também cineastas contemporâneos retomem nuances existenciais
de sua obra. O cineasta nova-iorquino Woody Allen com freqüencia estabelece relações com
a literatura em seus filmes, faz referências a obras ou escritores importantes. Essas
referências muitas vezes estão nos diálogos de seus personagens, ou até mesmo no título de
seus filmes. O presente trabalho é parte de um projeto de pesquisa e extensão que pretende
tratar das relações entre o cinema e as diferentes áreas do conhecimento. Nesse momento,
pretendemos analisar a influência da obra de Dostoievski no filme Crimes e Pecados, de
Woody Allen, verificando alguns aspectos da relação entre a questão moral e a transgressão
da lei. Para isso, contaremos com o apoio de alguns teóricos da psicanálise, como Freud e
Lacan, e autores da filosofia, Kant e Nietzsche. Pretendemos também abordar uma
investigação dos discursos ideológicos e das vozes sociais presente em ambas as obras,
recorrendo assim, à obra crítica e teórica de Bakhtin.

SCHONBERGER, Priscila
IDENTIDADE E MEMÓRIA NO CONTO LA INTRUSA
Imaginar o passado para entender o presente são recursos que a literatura e o cinema usam,
entre outras perspectivas, transpor história e identidade. Tais transposições são discutidas em
torno da ação mnemônica imutável que, atualmente, são pensadas de novas formas. A
comunicação proposta é analisar as relações intertextuais no trabalho da adaptação do conto
La intrusa, componente do livro O informe de Brodie, de Jorge Luis Borges (1970) para o
cinema (1979), dirigida por Carlos Hugo Christensen, com o propósito de pormenorizar o
conceito de memória, principalmente no resgate dos gaúchos da Argentina e dos gaúchos do
Brasil, de modo construir uma melhor compreensão das produções culturais.
10:20-12:25
 
SCUISSIATTO, Bruno
O ANTIFILME EM O SIGNO DO CAOS, DE ROGÉRIO SGANZERLA
O diretor Rogério Sganzerla se notabilizou pela forma autoral na produção dos seus filmes,
realizados normalmente com poucos recursos e baixo orçamento, algo que contraria grande
parte das produções fílmicas. Ao longo de sua trajetória no cinema, Sganzerla dirigiu mais
de 26 filmes, entre curtas, médias e longas metragens, com destaques para O Bandido da Luz
Vermelha (1968), Mulher de todos (1969), Copacabana meu amor (1970), Sem essa, aranha
(1970). A proposta desta comunicação é analisar O Signo do Caos, último longa-metragem
de Sganzerla, considerando a definição de antifilme na construção do filme. Nesta película
as imagens surgiram antes do roteiro, além disso, o recurso da dublagem é utilizado,
passando uma ideia de falsidade narrativa. No filme existe uma forte crítica do cinema
dentro do cinema, uma espécie de "metacinema", tornando O Signo do Caos um produto de
crítica contra o próprio segmento em que o filme está enquadrado. Algumas falas dos
personagens durante o longa-metragem refletem isso: "esse filme jamais poderá ser
julgado", "Brasil não produz cinema", "filmes civilizados e milionários são ruins", "a
verdade é mais estanha que a ficção".

STARKE, Paula
A LITERATURA E O CINEMA DE ALFRED HITCHCOCK
Não há como acreditar que, um dia, Literatura e Cinema se desvincularão. Desde suas
origens, o Cinema busca fundamento em produções literárias diversas. Do mesmo modo, a
Literatura passou a sofrer influência da construção cinematográfica, mais recentemente.
Em meio a esse constante diálogo, notam-se adaptações fílmicas consideradas medíocres que
foram construídas a partir de obras-primas da Literatura universal, tal qual livros ditos
"populares" acabaram se tornando longas-metragens clássicos, eternizados na memória do
espectador.
Dentro deste último modelo, enquadra-se, perfeitamente, a obra do aclamado diretor Alfred
Hitchcock. François Truffaut, ao entrevistar o cineasta, sugere que Hitchcock "remanejava"
romances populares até que estes se tornassem verdadeiras obras hitchcockianas, o que de
fato ocorria. Por acreditar que obras-primas da Literatura eram obras completas, imutáveis,
Hitchcock trabalhava a partir de uma Literatura destinada à recreação, trivial.
Este trabalho pretende, através desta afirmação, descrever a relação do diretor com a
Literatura, como Hitchcock não se atrevia a adaptar obras literárias importantes, mesmo
quando muitos assim o desejavam, para construir cinema através de romances mais simples.
E, ainda, como o diretor transformava estas modestas obras em longas-metragens
enriquecedores, surpreendentes e, não raro, considerados obras de arte.

domingo, 15 de maio de 2011

VEM AÍ...



sábado, 14 de maio de 2011