POR FÁBIO AUGUSTO STEYER
Confesso que me decepcionei com a versão cinematográfica de "O Bem Amado".
Acaba sendo inevitável a comparação com o original da TV.
Marco Nanini parece querer imitar os trejeitos da interpretação de Paulo Gracindo, o que não funciona e soa extremamente artificial e caricato. O Dirceu Borboleta de Emiliano Queiroz também era muito melhor.
Além disso, a turma de Guel Arraes, que normalmente é impecável nos diálogos e no roteiro, desta vez errou a mão. Os diálogos são pretensiosos, mas óbvios, e o atrelamento da realidade de Sucupira aos acontecimentos da História do Brasil, desde Jânio Quadros até a redemocratização, não funciona como deveria, fazendo do filme um dentre tantos outros que tratam da ditadura. Principalmente para quem não conhece a obra de Dias Gomes e a versão exibida na televisão. Nem de longe temos os excelentes diálogos de Caramuru e Auto da Compadecida, por exemplo.
Outro "pecado" é a trilha sonora (mesmo com Caetano Veloso no meio). Sente-se falta do ótimo tema musical da série de TV. Mais uma coisa: Marco Nanini, Andréa Beltrão e Tonico Pereira parecem estar rodando um episódio de "A Grande Família", tal a semelhança de suas interpretações com a das personagens da série.
Os acertos: José Wilker como Zeca Diabo, e as cajazeiras Drica Moraes e Zezé Polessa.
No mais, é uma pena que time tão bom tenha errado na dose...
Nenhum comentário:
Postar um comentário