quinta-feira, 13 de maio de 2010

AGATHA CHRISTIE E SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA EM “TESTEMUNHA DA ACUSAÇÃO”

 A adaptação homônima da obra de Agatha Christie surge no cinema em 1957, três anos após o lançamento do romance.



Fernando Cestaro & Flávia Almeida


Admitir nas obras de Agatha Christie a presença do mistério policial é  compreender em essência a maestria literária desta senhora capaz de prender seus leitores do início ao fim de suas narrativas. Porém, quando nos deparamos com a sua obra “Testemunha da Acusação”, em um primeiro momento, pensamos estar diante de mais um romance desta dama britânica.
O que poucos sabem é que, ela foi também uma prolífica escritora de peças teatrais (Ira Levin, 1980), e a obra em análise é um desses exemplos. A obra reúne outras peças, “A hora H”, “Veredicto” e “Retorno ao Assassinato”.  
A adaptação cinematográfica de 1957, com a direção de Billy Wilder (Oscar de melhor diretor), e com as atuações de Tyrone Power, Marlene Dietrich, Charles Laughton (Oscar de melhor ator), Elsa Lanchester (Oscar de melhor atriz coadjuvante) e John Williams, recebeu 6 Oscar, entre eles o de melhor filme. Ao materializar nas telas, personagens como Leonard Vole, Romaine (no filme, Christine) e o advogado Sir Wilfrid Robarts, o filme faz com que a trama percorra novos contornos significativos sobre o assassinato de uma rica viúva de meia idade, a Srta. Emily French.  
Nesse sentido, a obra cinematográfica soube aproveitar o roteiro que a peça engendrou e, assim, possibilitou a construção de uma teia envolvente que surpreende até os leitores mais atentos desta senhora que se imortalizou literariamente. A apresentação dos diálogos dos personagens e, principalmente, de suas atuações perante um dos mais importantes tribunais da Inglaterra, Old Bailey, provocam expectativas diferentes a cada depoimento e um flashback detalhado dos acontecimentos.
A estratégia do cinema foi conseguir utilizar as ferramentas de significação das páginas da literatura nas telas monocromáticas. O que Agatha Christie conquistou em “Testemunha da Acusação”, com seu jeito hábil, foi trazer o leitor para uma cadeira de seu teatro ficcional.
O mesmo fez o cinema com o apreciador de filmes clássicos, convidando-o para compartilhar desta criação na arte dos irmãos Lumière. Assim, o que importa é o diálogo, travado entre os personagens, e o diabólico e ambíguo jogo de falas que conduzem às situações e à trama de Agatha Christie.  
 

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