sábado, 29 de maio de 2010

AS HORAS

POR ROSANA GELINSKI

“Encarar a vida de frente. Encarar sempre a vida de frente. E conhecê-la como ela é. Enfim conhecê-la. Amá-la pelo que ela é. E depois... Descartá-la. Sempre os anos entre nós. Sempre os anos... Sempre... O amor. Sempre... As horas.” (DALDRY, 2003)




Muito mais do que essa impressão das horas e dos anos esperam pelos espectadores do filme As Horas, de Stephen Daldry (2003). Inspirado no romance Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, o filme é uma adaptação do livro As Horas, de Michael Cunningham, e apresenta uma narrativa não linear. Assim como no romance de Woolf, o diretor optou pela consciência das personagens, que é uma das questões de maior destaque no filme. A forma como o diretor mostra o universo subjetivo das personagens aproxima-se muito da linguagem literária introspectiva de Virginia Woolf.
A subjetividade que é somente internalizada pelos leitores de Mrs. Dalloway é vivenciada pelos espectadores em As Horas. Desta forma, o filme ilustra, de forma convincente, como o fluxo de consciência ocorre, ao mostrar a recorrência de momentos que estão minuciosamente inseridos no cotidiano das personagens, três mulheres separadas pelo tempo, cujas vidas estão intimamente interligadas pela obra Mrs. Dalloway.
Além do fluxo de consciência, tanto a obra Mrs. Dalloway quanto o filme As Horas propiciam discutir temas ligados ao feminismo, a dicotomia vida/morte, loucura, tempo, guerra e outros.
Vale à pena conferir! E deixar se levar pelas imagens do filme de Daldry, que tem muito a revelar sobre a vida e obra de Virginia Woolf, e o que se esconde atrás do comportamento humano.

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